7º Mar x One Piece – Parte 1: Por quê?

Olá olá pessoas ou provavelmente insanidade, pois capaz de estar falando só essa é a primeira parte de uma série de postagens sobre a adaptação de One Piece que estou fazendo para o sistema de 7º Mar.

Para quem conhece apenas uma das obras a primeira coisa que pode pela sua cabeça é: Por quê?

Para falar um pouco sobre essa combinação decidi falar um pouco dos paralelos e características que me fizeram querer adaptar One Piece para o sistema de 7º Mar.

Os piratas de One Piece não são lá muito convencionais. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha

Comecei a jogar e ler 7º Mar apenas no fim de 2021, e apesar da temática de piratas, confesso que na primeira leitura do livro básico não pensei em One Piece. O mundo de Théa (o cenário base de 7º Mar) é riquíssimo em detalhes e o sistema é construído levando em conta essas particularidades. A magia, diversas vantagens e origens das personagens levam em consideração esse mundo, o que num primeiro momento parece trabalhoso e pouco recompensador usar 7º Mar para jogar em qualquer outro cenário.

Acredito que foi por essa razão que, em um primeiro momento, não flertei com essa ideia e nem fui capaz de perceber como o sistema e a lógica de regras de 7º Mar eram boas para emular One Piece.

Porém no início de 2022 comecei a jogar 7º Mar como narrador, aí nesse grupo duas das três pessoas participando gostavam de One Piece. Foi questão de segundos para começarem a fazer referências e só aí é que comecei a pensar nos pontos de convergência entre One Piece e 7º Mar.

Morte e Ferimentos

Não é difícil ouvir alguém que é fã de One Piece falar sobre como raramente os personagens morrem (exceto no passado, passado em One Piece é sustentado com lágrimas e sangue), o próprio Oda (autor de One Piece) já falou que o protagonista, Luffy, luta para destruir as ambições dos inimigos e não suas vidas. Matar vilões não é algo que faz parte de One Piece e em mais de mil episódios e capítulos do pirata que estica os heróis jamais mataram.

Em 7º Mar as coisas funcionam de modo similar, as pessoas no papel de protagonistas são heroínas, matar é um terreno proibido para elas. Matar ou agir de forma egoísta leva a heroína à corrupção, o que pode resultar em você perdendo a personagem que se tornaria uma vilã (é mais provável perder uma personagem dessa forma do que com ela morrendo).

Ainda nesse tema, tanto em One Piece quanto em 7º Mar as personagens ficam mais fortes e determinadas a medida que sofrem ferimentos (em 7º Mar é chamado de efeito John McClane, enquanto em One Piece falamos de Poder do Protagonismo).

O protagonista Luffy com um sorriso no rosto e uma expressão determinada apesar de coberto de ferimentos.
A determinação de um herói não se abala por ferimentos. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha

Brutos e Marinheiros

Uma das coisas mais legais em One Piece é ver as personagens protagonistas cercadas por marinheiros, para sairem derrubando eles com certa facilidade. Isso é algo que a mecânica de brutos de 7º Mar emula perfeitamente, já que agrupa uma quantidade de soldados sem nome para as heroínas derrubarem, sendo que vez ou outra esses brutos atrapalham e causam algum ferimento leve.

E nem preciso falar que esse sistema é uma mão na roda para trabalhar os efeitos do Haki do Rei.

O personagem Shanks no meio de um navio carregando uma grande cabaça, cercado por piratas desmaiados por todos os lados
Derrubar um esquadrão apenas com a presença é para poucos. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha

Drama e Ação

Em 7º Mar existem dois tipos de cenas de jogo, as chamadas sequências. Existe a sequência dramática que é uma cena sem muita ordem ou tempo definido, que serve para as heroínas explorarem, conversarem com outras personagens, conseguirem informações e provavelmente atraírem a atenção indesejada de vilões. Os inícios de muitos dos arcos de One Piece encaixam com sequências dramáticas. A maior parte de Water Seven e a chegada em Thriller Bark parecem funcionar muito bem como uma sequência dramática.

A personagem Robin (uma mulher de cabelos pretos) chorando e dizendo "... i want to live!!" o que pode ser traduzido como "...eu quero viver!"
O conjunto de Water Seven e Ennies Looby é um show de drama e ação. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha/Viz Media

O outro tipo de sequência é a de ação. É nessa sequência que os embates acontecem, existindo também um senso de urgência. Se Water Seven é quase sempre composta por sequências dramáticas, Ennies Lobby por sua vez seriam diversas sequências de ação.

O bom desses dois tipos de estruturas é que permitem fazer com que o desequilíbrio de força de combate entre heroínas não seja um problema. Cada personagem tem seu meio de brilhar e tem sua relevância. É possível você ter um “trio de monstros” como Luffy, Zoro e Sanji e um “trio covarde” como Nami, Usopp e Chopper tendo seus momentos.

Três personagens de costas caminhando, da esquerda para direita:
Sanji vestindo colete, camisa e calça social segurando um cigarro na mão; Luffy com os punhos cerrados, usando bermuda, chinelo, camiseta e um chapéu de palha; Zoro, usando calça, camisa e uma bandana e com a mão sobre a bainha de três katanas presas na altura da cintura
Trio Monstro. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha

A forma que as sequências de ação funciona também ajuda muito nessa discrepância de habilidade de combate entre as personagens. As cenas não são pautadas em rolagens por ação e nem são restritas a embates de ataque x defesa. No início da rodada as personagens escolhem um método (uma combinação de um atributo e perícia) para agir dentro da cena e gastam apostas (pontos que servem como combustível para ações da heroína) para dizer o que sua heroína fará.

Usopp falando "Who wants to give up" (quem quer desistir) e com a mão levantada. E Chopper e Nami com expressões assustadas e as mãos também levantadas falando "I do." (eu também).
No canto tem um balão com o zoro falando "Shut up."
Trio covarde. Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha/Viz Media

As personagens combatentes provavelmente vão se preocupar em bater de frente com o vilão, enquanto as personagens que possuem outro tipo de foco vão gastar suas apostas para obter pistas (fazer a copia de um Poneglyph), manobrar o navio (oi Jimbei), motivar aliados (a vez do God Usopp) ou até mesmo prestar auxílio médico (como o Chopper faz). A dinâmica do jogo faz um bom serviço em equilibrar as personagens focadas e as não focadas em combate.

Equilíbrio

Muitos sistemas de RPG possuem uma preocupação grande com o equilíbrio numérico. Faz parte da proposta e premissa desses jogos, o que tá tudo bem. Só que para emular uma história com tamanho desequilíbrio de poderes como One Piece, essa preocupaçãoprovavelmente será um problema. Adaptar para esses sistemas histórias com grande discrepância de nível de habilidades costuma ser frustrante, pois vai comprometer um dos lados.

Ocorre que analisando as vantagens em 7º Mar e principalmente comparando com os próprios suplementos, você percebe que não existe uma estrutura tão rígida na forma que as vantagens e habilidades são pensadas. 7º Mar conta muito com a ideia de que as pessoas jogando querem construir uma história legal mais do que querem superar os desafios da forma mais efetiva possível. Então a forma que o jogo funciona torna possível que uma Heroína seja uma hábil espadachim, outra uma pessoa com poderes sobrenaturais e resistente a diversos tipos de golpes e uma terceira uma medrosa que vai tentar evitar qualquer combate.

Guns and Ships

Apesar de ter comentado sobre aspectos diversos que acho que se assimilam entre 7º Mar e One Piece, não dá para negar que o fato de ambos trabalharem com o mesmo tema (mesmo que cada um de uma maneira própria) ajuda muito.

Como ambos possuem o mesmo tema central, a maior parte das origens, vantagens e mecânicas de 7º Mar servem para One Piece sem necessidade de qualquer adaptação. Tanto os atributos e as perícias cobrem bem as situações recorrentes em One Piece, além disso 7º Mar conta com regras para batalhas navais e em alto mar, o que também é relevante em One piece.

Poster de One Piece com as personagens Luffy, Zoro, Sanji, Nami e Usopp cercados de tesouros.
Reprodução: Eiichiro Oda/Shueisha

Bônus: Muito antes de saber o que era 7º Mar e cogitar essa adaptação, o Thiago Rosa escreveu uma adaptação de One Piece para 7º Mar na Dragão Brasil 140 e lá também levantou pontos interessantes sobre essa combinação.

Nos próximos episódios começo a trazer as vantagens exclusivas, começando pelas regras para Meitos, as lâminas renomadas de One Piece.

4 comentários em “7º Mar x One Piece – Parte 1: Por quê?

  1. Olá caio, to na mesma missão que você cara, to usando algumas regras de khitai e ainda tenho muito trabalho pela frente, é um prazer ver que não to sozinho e se quiser conversar sobre ou trocar ideia pra adaptar algo pode falar la no email que a gente monta uma sala no discord ou algo assim.

    email: rochaeternodutra@gmail.com

    1. Opa que legal! Eu até cogitei em fazer com o Khitai, talvez repensando os atributos dele para algo mais próximo do universo de One Piece.

      Porém, acabou que fora as postagens que fiz aqui no blog não segui com esse projeto de One Piece para 7º Mar, chegou num ponto que eu queria mexer demais no sistema que não acredito compensar 😀

      Boa sorte na sua jornada!

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